Somos negros e negras, filhos de Zumbi e Dandara, de João Cândido, de

Carolina de Jesus, de Luiza Mahin, de Luiz Gama.

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Somos filhos dos orixás guerreiros.

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Filhos dos guerrilheiros de Canudos, dos inconfidentes baianos, dos sambistas dos cordões e das escolas de samba, dos capoeiristas, dos babalorixás e yalorixás.

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Somos negros e negras trabalhadores que constroem o Brasil desde o

século XVI.

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Dos que encantaram o mundo com a música. Dos que dançam, logo existem.

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Dos que empunham a enxada e a lança com firmeza e sorriso.

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Somos negros e negras que enfrentam a violência do racismo no dia-a- dia.

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Que enfrentam a política de genocídio da população negra.

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Que enfrentam a violência das forças policiais na periferia.

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Que enfrentam o desrespeito aos direitos humanos mais elementares. Que enfrentam a discriminação no mercado de trabalho, nos meios de comunicação, que são atingidos pela ausência de políticas

públicas e de equidade social.

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Que enfrentam a não demarcação das terras das comunidades remanescentes e a intolerância contra as nossas tradições.

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Que são impedidos de manifestar livremente suas expressões culturais e religiosas.

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Somos negros e negras que tem consciência político-racial de que não se supera o racismo nos marcos do capitalismo. Que não se supera o capitalismo sem enfrentar o racismo.

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Somos negros e negras que não se contentam com as migalhas que a sociedade capitalista racista nos oferece.

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Que não se branqueiam por terem ganho pequenas concessões do poder.

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Que participa, mas desconfia, dos espaços institucionais.

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Somos quilombolas. Ativistas.

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No trabalho, na universidade, na escola, nos espaços culturais, nos espaços institucionais.

 

No sindicato, nas entidades estudantis, no movimento popular, nos partidos políticos.

 

Nossa voz ecoa por todos os cantos.

 

E que se junta e se reforça neste espaço que é REDE QUILOMBAÇÃO.

 

S. Paulo, 14 de dezembro de 2013.